Eu quis te conhecer, mas tenho que aceitar (8)

Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá
Pode ser cruel a eternidade
Eu ando em frente por sentir vontade
; Janta - Marcelo Camelo e Mallu Magalhães


É incrível como essa música consegue traduzir a Yume em tão poucas palavras. Vejo a minha história completamente resumida na letra de Janta. Talvez seja por isso que, junto com Cum On Feel The Noise, do Slade, seja meio que o "tema" da Yume.
Ok, falei e falei de Yume e não expliquei exatamente o que seria. Por mais que não seja, a Yume é como se fosse o meu primeiro romance verdadeiramente concluído (digo que não é porque, antes dela, vieram minhas primeiras tentativas de escrever histórias. Consegui concluir três delas, entre elas, a Inevitável), iniciado em novembro de 2007 e definitivamente terminado em agosto de 2010. Sei que demorei MUITO a fazer, mas, nesse período, o enredo sofreu várias e várias reformas (e, se fosse por mim, ainda reformava mais).
Tenho vários casos engraçados a falar sobre a Yume. Primeiro de tudo, o modo como foi inventada. Eu estava no auge dos meus catorze aninhos, época em que fantasiava um encontro com o príncipe encantado, sonhando acordada enquanto deveria estar estudando para as provas finais, escutando o "From Me To You" da Yui ininterruptas vezes (bons tempos em que eu conseguia estudar com música...). Enfim, do nada surge aquela ideia: "E se eu me encontrasse com o menino dos meus sonhos? Como seria?". Em pouco tempo, a história de Nadia e Adrien surgiu na minha cabeça. E a Yume começou a ser feita na sala de espera do dentista (olha aí, Tio Paulo Picanço! 8D), quando eu não tinha simplesmente nada pra fazer e estava entediada por esperar ser atendida. Se não me engano, escrevi os dois primeiros capítulos lá.
Bom, mas naquela época, não existiam Nadia e Adrien. Era Corali e Adrien. Depois virou Natja e Adrien (nome esse que perdurou até ano passado, visível influência de Natja Brunckhorst na minha vida)! E o contexto da história, com o passar do tempo, ia mudando. Incialmente, não havia objetivo e não havia título, existia apenas o caso estranho da menina alemã que sonhava com o cara japonês! (Sim, japonês! Naquela época, minha vida de otaku estava em seu esplendor, e eu não imaginava uma história ambientada no Brasil). Com o tempo, foram surgindo as ideias e os possíveis títulos.
Ideia 1: anjos e demônios. Ela é um demônio e ele um anjo.
Título 1: Behind the Dreams
Ideia 2: vamos continuar sem objetivo até que ele apareça. Sabe-se apenas que a Natja sonha com o Adrien e vice e versa e eles precisam se encontrar
Título 2: Yume no Curse (vísivel influência de Tsuki no Curse, tema de abertura de Loveless na minha vida)
(O segundo título permaneceu até ano passado, completo, quando foi cortado para virar apenas Yume. Ainda hoje, não curti muito o título, acho que poderia ter encontrado outro, mas, na falta de algum que melhor se encaixasse, preferi deixar o mesmo.)
Ok, Yume no Curse, escrita até o capítulo 8 no início de 2008. Aí começou o segundo ano e um monte de avalanches: trabalhos mais complicados, muitas matérias, início do namoro, mudança de residência... E a YNC foi ficando esquecida. Exatamente na época em que surgiu a oportunidade: escrever para enviar para um concurso promovido pelo Senai, se não me engano. Fiquei animada, mas ainda era muito tímida para arriscar voos mais altos. Minha ex-professora de português ofereceu-se para corrigir, e aí fiquei um pouco mais animada. Voltei a escrever, fui mostrando para ela. Porém, surgiu o problema: qual o objetivo da história?
Novamente, a Yume foi esquecida e largada. Envolvi-me em outros projetos. E chegamos em 2009.
2009, terceiro ano, época em que seus neurônios estão para serem queimados. Em um momento do meu terceiro ano, desisti de me preocupar unica e exclusivamente só com estudo e fui tentar reescrever a Yume (porque sim, eu queria ser escritora). E mudei quase por total o contexto da história. Mudei a personalidade dos personagens, mudei a ambientação (trouxe tudo para o Brasil) e fui mudando... Mas ainda não estava bom. Resolvi escrever outro romance, algo bem experimental, apenas para melhorar e me aprimorar como escritora (foi quando surgiu a Inevitável, outros quinhentos que ainda vou explicar). Creio que cresci muito durante o tempo em que escrevi religiosamente para o Nyah Fanfiction (sou eternamente grata a esse site). Quando me senti preparada, fiz a Yume como eu achava que deveria ser. Iniciei novamente o projeto em novembro de 2009 e terminei em março/abril de 2010.
Ok, Yume concluída. E agora? Foi aí que surgiram as primeiras comparações: "Tá parecida com tal obra". Não que eu tenha achado isso ruim, embora tivesse doído um pouco. Pensemos bem: se está parecida demais, não seria melhor mudar? E, até hoje, me considero guerreira por ter refeito grande parte da Yume em um período de quatro meses (por mais que eu tivesse conseguido isso com a Inevitável, não me senti satisfeita ao final do processo).
Depois disso, a Yume é o que é hoje: a história de uma desenhista alemã que recebe uma diferente proposta de um estranho e passa a sonhar com um rapaz desconhecido, esse que, por consequencia, também sonha com ela. Foram quase três anos de trabalho, insatisfação e muitos neurônios queimados. Mas quem disse que não estou satisfeita?
Faria tudo de novo, caso possível.

(e faria mesmo, porque, sempre que eu leio, econtro partes que poderiam ser melhoradas!)

Não digo que a Yume seja a minha história favorita. Tenho preferência pelas minhas histórias apenas no tempo em que estou trabalhando nelas - depois, elas viram apenas mais um monte de escritos lotando a memória do meu computador, porém, posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que a Yume foi meu trabalho mais satisfatório <3. Estou tão orgulhosa e feliz que nem posso explicar.

Graças àquela sala de dentista e ao "From Me To You".


Foto: Sebastian Bach e Ellen Page como Adrien e Nadia, na minha primeira montagem com pessoas reais.

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A Dama Pálida

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Kamile Girão
Fortaleza, Ceará, Brazil
Garota, estudante de Letras, protótipo de escritora. Ama velharia, música antiga, pilhas de livros, pilhas de DVD's, desenho, bonecas, um sardentinho geek e, principalmente, escrever.
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