A incrível arte de escrever em diários
segunda-feira, 23 de maio de 2011Mês passado, tive meu coração destruído. Completamente dilacerado, machucado, maltratado. Fiquei mal, muito mal. Adoeci. Não sorria mais, vivia meio triste, mas, também, sem conseguir derramar uma lágrima pelo tal ocorrido que me deixara assim. Por alguns dias, fiquei desesperada, sem chão, sem ter em quê me apoiar, totalmente perdida. E, pior ainda, com muita coisa guardada dentro de mim.
Foi um período bem complicado, um período em que tentei abafar minhas mágoas para todos saberem que sim, eu estava bem, obrigada; que sim, eu não fora destruída; que sim, eu não iria desistir. Mas sabe o que isso me ocasionou? Uma algia ainda maior. Mentir para si mesma quando só se quer chorar e gritar pode ser bem pior do que se imagina. Fingir que está tudo bem quando, na verdade, está tudo uma merda não me fez ficar melhor em nada - muito pelo contrário, só me deixou ainda pior.
E teve um dia em que cansei de farsas. Resolvi extapolar, gritar, xingar, chorar até o ar começar a faltar. Depois disso, comecei a me sentir um pouco melhor. Porém, nada me fez melhorar tanto que escrever em um diário.
Sim, acreditem se quiser, eu tenho o costume de escrever em diários. Quem me conhece sabe muito bem que sou extremamente quieta, não costumo sair por aí expondo tudo que penso, tudo que sinto porque minha garganta trava (ridículo, eu sei, mas é a pura verdade). Entretanto, sempre consegui me expor muito bem no papel. Quer me fazer feliz após um dia frustrante? Me dê um caderno e uma caneta, apenas. A melhora é imediata, como se fosse um remédio extremamente potente para minhas emoções e, principalmente, para o meu bem estar mental. E foi isso que me salvou desse período negro e difícil, desses 30 dias de aflição, tristeza e frustração (muita frustração).
Só no papel, pude mostrar quem realmente estava sendo a Kamile por detrás do sorriso meia boca. Só escrevendo, consegui me sentir mais aliviada. Pude xingar até não aguentar mais, mandar aquelas pessoas pr'aquele canto, relatar tudo que estava passando e todas as minhas expectativas. Contudo, se me pedirem para ler agora as palavras que grafei naquelas simpáticas páginas da Betty Bopp, não terei vontade. Foi um momento de desabafo, um momento que não pretendo me recordar mais, mas que, em compensação, serviu para o meu crescimento pessoal e amadurecimento. Se vierem me perguntar: Como você se sente agora?, direi que me sinto bem, muito melhor que antes, pronta para qualquer uma, mas, infelizmente, ainda tem uma parte de mim fragilizada. Porém, é indiscutível: a maior parte daquele coração partido foi devidamente gravado no meu diário.
Não tenho vergonha de admitir que escrevo em diários. Sim, eu escrevo e isso me satisfaz muito, obrigada. Era um costume antigo, que ficou abandonado por algum tempo, mas que, agora, voltou. E que não vou mais abandonar.
Ps - Mudança de layout. Assistir Mulan realmente me deixou inspirada. E eu disse que não iria ficar com aquele outro por muito tempo.